Arminda Aberastury

(1910 – 1972)

Arminda Aberastury nasceu em Buenos Aires em 24 de setembro de 1910, proveniente de uma família de comerciantes, do lado paterno, e de intelectuais, do lado de sua mãe. Teve Maximiliano Aberastury, renomado médico, como tio e o psiquiatra Frederico Aberastury, como irmão.

Em 1937, casou com o psiquiatra suíço Enrique Pichon-Rivière, com o qual teve três filhos: Enrique, Joaquin e Marcelo. Seu marido, nascido de uma família francesa com a qual emigrou para a Argentina fugindo do fascismo, estudou medicina em Buenos Aires e foi muito amigo de Frederico Aberastury, irmão de Arminda. Enrique Pichon-Rivière foi um dos pioneiros da psicanálise na Argentina e um dos fundadores da Asociación Psicanalítica Argentina (APA), em 1942. Foi analisado por Gama e fez supervisão com Carcamo e Melanie Klein.

Em 1953, Arminda Aberastury tornou-se analista didata da APA e durante vinte anos ensinou no Instituto e foi sua diretora, introduzindo o ensino da psicanálise de criança na formação do candidato a analista. Ela foi responsável pela disciplina de Psicologia da Criança e do Adolescente na faculdade de Filosofia e de letras da Universidade de Buenos Aires e divulgou a formação psicanalítica junto a pediatras, puericultores, educadores, médicos e odontólogos.

Conheceu Melanie Klein em 1952, em Londres, e manteve correspondência com ela durante anos. Ela traduziu a obra kleiniana Psychoanalyse dês Kindes (Psicanálise da Criança) para o castelhano e tornou-se porta voz de suas idéias.

Aberastury acreditava que a identidade genital é percebida desde os primeiros momentos da vida e depende da relação existente entre os pais entre si e entre eles e o filho ou filha. E faz da explicação da paternidade um complemento da teoria kleiniana.

Ela escreveu que a libido genital desenvolve-se antes do estágio anal, chamando esse período de “estágio genital primário”, situando-o entre o sexto e o oitavo mês de vida. Para ela essa fase do desenvolvimento é complementada pelo recrudescimento da pulsão genital, o desmame, a dentição, o desenvolvimento da musculatura, a aquisição da marcha, a linguagem, a ruptura da simbiose mãe-filho(a), explicando o aparecimento de sintomas e disfunções apreciados através das atividades lúdicas.

Escreveu cento e quarenta e cinco escritos que foram publicados nos números três e quatro da revista da APA do ano de 1973, além de publicações em outros países e no International Journal of Psychoanalysis.

Arminda Aberastury foi uma mulher de rara beleza, de cabelos muito negros, o que lhe valeu apelido de La Negra. Na década de setenta foi atingida por uma doença de pele que a desfigurou e a levou a tal sofrimento que decidiu por fim aos seus dias aos 62 anos. Conta-se que desde a juventude ela sofria de melancolia.

Bibliografia

  • Aberastury, Arminda. Adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
  • Aberatury, Arminda. Psicanálise de Criança: Teoria e Técnica. Porto Alegre: Artmed, 1992.
  • Aberastury, Arminda e Sala, Eduardo J. A paternidade no enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
  • Kaufmann, Pierre. Dicionário Enciclopédico de Psicanálise: o legado de Freud e Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993.
  • Mijolla, Alain de. Dicionário Internacional da Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 2005. pp18-19.
  • Roudinesco, Elisabeth e Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. p1.

Resenha elaborada por Ilane Medeiros, psicanalista em formação pelo Instituto da Sociedade Psicanalítica de Recife /Núcleo Psicanalítico de Natal.

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